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É possível que esse feriado tenha sido bastante diferente para a maioria das famílias. Desde a compra do tradicional bacalhau até a busca pelo ovo de chocolate de Páscoa pendurado nos corredores dos supermercados, nada foi como nos anos anteriores. Desta vez, feitas pela internet, encheram os carrinhos virtuais de doces e presentes.
E como lidar com a grande oferta de chocolate em meio a quarentena se os ovos de colher disputam lugar com os ovos tradicionais e com os de casca confeitada? Podemos aproveitar da situação de isolamento social e da alta disponibilidade de chocolate para comermos ao invés de enfrentarmos as emoções. O ócio, o tédio e o tempo disponível também podem reforçar o exército desse comer emocional.
Paralelo a isso, temos como um dos maiores mitos sobre alimentação saudável, vindo da dicotomização dos alimentos em dietas e regimes, a ideia de que não podemos comer chocolate. Nem na Páscoa. Mas é preciso entender que todos os alimentos podem fazer parte de uma alimentação verdadeiramente saudável, inclusive os doces.
A realidade de quem “não consegue se controlar” ao abrir uma barra de chocolate é facilmente ressignificada quando trocamos o controle por permissão incondicional para comer. Quando nos permitimos comer por vontade genuína e verdadeira, a satisfação e o prazer são mais importantes do que a quantidade. É fundamental comer devagar, saboreando e respeitando a vontade verdadeira, e não com pressa, sem sentir o gosto, de maneira voraz e culpada.
Nesse feriado diferente, longe da família, dos amigos, daqueles que você ama e com quem sempre comemora, o chocolate pode e deve ser uma companhia saudável. Com planejamento, é possível deixar o feriado mais doce e prazeroso. Permitir que o chocolate faça parte da tradição da sua Páscoa, deixando de lado a culpa e o medo de comê-lo, faz parte do processo de desmistificar regras rígidas e de restrição alimentar, e pode transformar seus próximos feriados quando o coelhinho passar deixando seus doces presentes. Ficar em casa saboreando um ovo de chocolate de Páscoa recheado de permissão é o símbolo máximo de autocuidado, respeito e amor.
Texto escrito por Marcela Kotait.
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