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Mais uma vez a imagem de um corpo estampou as notícias da semana. O escolhido foi o ator Fábio Assunção. Embora sempre carregasse consigo o rótulo de galã, Fábio Assunção viu seu corpo mudar após sofrer com problemas de saúde mental. Quando gordo, o ator era motivo de piadas e desvalorização; agora magro, volta aos holofotes como aquele que tem força, fé e foco. Em ambos os casos, não o deixam em paz. Pior ainda: a patrulha do corpo alheio não fiscaliza só ele.
O hábito de falar do corpo dos outros é bastante comum e podemos encontrar exemplos próximos: a mãe que critica o corpo da filha, o chefe que insinua que a estagiária precisa emagrecer, o personal trainer que adverte que o exercício deve ser feito com maior esmero para emagrecer mais, e tanto outros. E, assim, por meio de comentários e conselhos pretensamente bem-intencionados, recai sobre nós uma forte pressão para manter ou mudar o nosso corpo; uma pressão que tende a aparecer como uma obrigação que visa agradar o outro, seja ele quem for.
Por causa da insatisfação corporal, a maioria das pessoas acaba sucumbindo a dietas restritivas e regimes para perder peso de maneira rápida, negligenciando os sinais internos que o corpo nos manda. E, com isso, as chances de recuperação do peso perdido chegam a 95% dos casos.
Para as pessoas que sofrem com a pressão social de emagrecer, buscando se encaixar no padrão de beleza vigente, as tentativas de mudar o corpo facilitam a instalação do ciclo das dietas, marcado por tentativas sem fim de perder peso após a frustração da tentativa anterior.
A oscilação de peso é um ótimo motivo para a patrulha do corpo alheio entrar em ação. Se você está gordo, deve ser porque ficou desleixado; se está magro, não pode descuidar; se está muito magro, deve estar com algum problema.
O ponto fundamental é que nunca estamos suficientemente adequados aos olhos das sentinelas da forma física. E enquanto não entendermos que nenhum corpo é público e passível de comentários, continuaremos a dar ibope e condições para milhares de pessoas adoecerem na busca incansável pelo corpo perfeito e pela consequente aceitação social.
Na verdade, devemos fortalecer a ideia de que é preciso aprender a respeitar e valorizar todos os tipos de corpos, pois é na pluralidade de formas que encontramos a verdadeira beleza e o auto-respeito. Afinal, é como dizem: corpo bonito é aquele que carrega uma pessoa feliz dentro dele.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.
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