Advogada Elizabete Scheibmayr comenta sobre racismo institucional e processos seletivos nas empresas
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por Beatriz Mirelle, da Redação* –
Esta matéria faz parte do PEPE (Programa Envolverde de Parcerias Estudantis) –
A advogada Elizabete Scheibmayr, diretora da Uzoma Diversidade, Educação e Cultura, participou da live “Brasil: A Chaga Aberta do Racismo”, transmitida na última quinta-feira (26) no programa Diálogos Envolverde. A convidada analisou o caso das vagas de trainee para o Magazine Luiza, o mito da democracia racial e a falta de ensino adequado nas escolas sobre a história do continente africano. A mediação ficou por conta dos jornalistas Dal Marcondes e Reinaldo Canto, da Agência de Jornalismo Envolverde.
Elizabete também atua como gestora do comitê de igualdade racial do Grupo Mulheres do Brasil e conta que a organização Uzoma oferece consultoria para que as empresas possam trabalhar em conjunto com a representatividade. “Nosso objetivo é mostrar para as empresas como elas podem ser mais diversas. Essa mentalidade deve fazer parte do DNA da corporação, tem que ser um propósito”. Ela compreende que para gerar mudança essa consciência precisa ser um guia, pois incorpora também benefícios financeiros. “Se você agregar renda das populações consideradas minoritárias, evidentemente elas vão consumir mais. Isso aumentará a produção e o mercado consumidor”. Acompanhe alguns dos destaques dessa entrevista:
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Racismo individual e institucional
Para a advogada, a pauta racial é uma das mais difíceis de serem debatidas por conta do negacionismo sobre o tema. “Muitos têm a ideia de que o racismo envolve apenas práticas individuais. As pessoas não querem se reconhecer dessa forma, acham que por terem uma boa educação e por se considerarem corretas estão livres de cometer isso”. Entretanto, vai muito além da particularidade de cada um, envolve também as atuações de instituições que movimentam a sociedade, como o poder público e jurídico, as empresas, a polícia, a igreja. “É uma questão histórica. É necessário reconhecer e entender como o Brasil foi construído. Se não aprendemos sobre essa situação, não conseguiremos modificá-la”.
Ouça: Podcast Momento Envolverde
Debate público e “democracia racial”
Nas últimas semanas, o debate racial se aflorou após o caso de João Alberto Freitas, um homem negro que foi espancado até a morte por seguranças brancos de um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre. Depois da repercussão na mídia, o vice-presidente da República Hamilton Mourão declarou que, “apesar de ser um acontecimento lamentável, não existe racismo no Brasil.”
De acordo com o Atlas da Violência publicado em agosto deste ano, os casos de homicídio de pessoas negras cresceram 11,5% entre 2008 e 2018, enquanto de não-negros caiu 12,8%. Elizabete analisa que há a constante manutenção do conceito de democracia racial. “Esse mito foi muito bem orquestrado. Quando falamos que não há racismo e que todos vivemos bem, ficamos acomodados e começamos a achar natural tudo o que acontece”. Além disso, ela comenta sobre a falsa conexão criada entre ideologia política e luta por direitos humanos. “Essa batalha não é de esquerda ou de direita. Essas pautas são muito avançadas para serem relacionadas com isso. É necessário que todos tenham garantia mínima de dignidade”. Assim, para a especialista, é impossível pensar em um desenvolvimento social sem ter um olhar atento às desigualdades.
Assista: Reportagem – Brasil: A chaga aberta do racismo
Magazine Luiza e processo de trainee 2021
Em setembro, a loja de departamentos Magazine Luiza fez um processo de admissão para cargos de trainee exclusivamente voltado a negros. A decisão teve uma grande repercussão e gerou opiniões divergentes. De um lado, muitas pessoas apoiavam a iniciativa e, de outro, criou indignação e retomou um debate sobre “racismo contra brancos”. A advogada compreende a importância de organizações grandes elaborarem esses tipos de programa e que os posicionamentos contrários são sem fundamentos constitucionais. “A Magazine Luiza fez um retrato das instituições e percebeu que é preciso ter mais negros em cargos de decisão. Não existe ‘racismo reverso’ e é imprescindível usar essas métodos para amenizar as disparidades que existem”.
A especialista frisa que essa consciência é endossada pelos meios de comunicação e se refletem nas ações da população. “As pessoas se acostumaram a ver brancos na liderança e negros em papéis de servidão. Nas campanhas publicitárias é comum que as imagens de trainees sejam de pessoas brancas. Isso tudo é fruto de uma sociedade que foi construída com base no racismo”, finaliza.
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Diálogos Envolverde
Para ver essa live completa, acessa o YouTube ou Facebook da Agência Envolverde. Toda quinta-feira, às 11h, é transmitido nesses canais o programa Diálogos Envolverde, que convida especialistas para debater sobre pautas da área social.
*Conteúdo multimidiático produzido por estudantes de Jornalismo Presencial da Universidade Metodista de São Paulo, sob a supervisão dos professores Alexandra Gonsalez, Eloiza de Oliveira Frederico, Filomena Salemme e Wesley Elago.
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