Com cerca de 60 mil novos casos por ano no Brasil, o câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres no país e no mundo, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Mas o diagnóstico não é o fim, as chances de cura chegam a 95% dos casos quando o tumor é detectado no início.
Todos os anos, a campanha Outubro Rosa busca conscientizar sobre a importância da prevenção e do tratamento correto do câncer de mama, mas os números de pesquisas mostram que é preciso fazer mais. Embora a mamografia a partir dos 40 anos seja essencial para o diagnóstico precoce, a adesão a este exame de imagem é ainda um dos entraves para vencer a doença.
A Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), a mais recente disponível no Brasil, aponta que 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa faixa etária. O maior índice entre as grandes regiões fica no Norte (37,8%), contra 11,9% do Sudeste, que tem a menor taxa.
“O primeiro e principal passo para combatermos a doença é o conhecimento. Temos que maximizar a exposição das informações para que cada vez mais mulheres e população em geral estejam conscientes da necessidade de realização da mamografia”, afirma Bruno Ferrari, oncologista e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas.
A adesão à mamografia precisa ser antecipada entre mulheres com histórico de câncer na família, ou seja, cujas mães, avós ou irmãs tiveram câncer de mama. “Cerca de 10% dos casos de câncer de mama estão associados a fatores genéticos hereditários”, explica Ferrari. “Nessas situações, o controle preventivo deve ser iniciado antes mesmo dos 40 anos por conta do risco aumentado”, orienta.
Sinais de câncer e mama
A característica mais comum da doença é o surgimento de um nódulo nas mamas ou axilas geralmente indolor. Além disso, o paciente pode apresentar outros sinais menos frequentes; veja abaixo:
- Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo)
- Edema (inchaço) da pele
- Eritema (vermelhidão) na pele
- Inversão do mamilo
- Assimetria das mamas
- Espessamento ou retração da pele ou do mamilo
- Secreção pelos mamilos
- Inchaço do braço
- Dor na mama ou mamilo
Como reduzir o risco do câncer de mama
A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível em função dos múltiplos fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis, mas além de realizar exames preventivos com frequência, a adoção de alguns hábitos de vida saudáveis, podem diminuir o risco; são eles:
- Manter uma dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e com pouca gordura;
- Praticar atividades físicas regulares, pelo menos por 1 hora, 3 dias por semana;
- Evitar sobrepeso;
- Evitar fumar;
- Quando amamentar, fazê-lo pelo maior número de meses possível;
- Evitar ingestão alcoólica excessiva, mais de três drinques de alto teor alcoólico por dia.
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.
Ainda de acordo com um levantamento feito por instituições brasileiras e americanas, em parceria com o Ministério da Saúde, 12% das mortes causadas pela doença no Brasil poderiam ser evitadas caso as mulheres praticassem atividades físicas regularmente.
Tratamento para câncer de mama
Para o tratamento de câncer de mama, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária, além de radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos. O tipo de terapia ou modalidade escolhida para tratar a doença irá depender de vários fatores, como a localização do tumor, o tipo e a extensão da doença.
Confira em detalhes as modalidades de tratamento:
Hormonoterapia
Muitos cânceres de mama crescem às custas do hormônio feminino chamado estrogênio. Então, a maioria das hormonioterapias age diminuindo os níveis desse hormônio ou o impedindo de atuar sobre as células cancerígenas da mama.
A hormonioterapia costuma ser mais efetiva em pacientes pós-menopausa e pode ser administrada antes ou depois da cirurgia.
Quimioterapia
Em alguns casos de câncer de mama, a quimioterapia é necessária e pode salvar vidas. Ela consiste na administração de medicamentos para destruir o câncer, que podem ser feito por via intravenosa (injeção numa veia) ou por via oral. A quimioterapia sistêmica é administrada na corrente sanguínea para poder atingir as células cancerígenas em todo o corpo.
Cirurgia conservadora da mama
Esse é um procedimento para retirar o tumor com uma margem de segurança, preservando a maior parte possível da mama. Alguns tecidos e linfonodos saudáveis adjacentes também são geralmente removidos. Esse procedimento é muitas vezes uma opção de tratamento para mulheres com câncer de mama em estágio inicial, pois permite que ela preserve a maior parte da mama.
Mastectomias – cirurgia para a retirada da mama
A mastectomia consiste na retirada cirúrgica de toda a mama. Muitas vezes, é realizada quando uma mulher não pode ser tratada com a cirurgia conservadora da mama (lumpectomia), que poupa a maior parte da mama. Também pode ser feita se uma mulher preferir a mastectomia sobre a cirurgia conservadora da mama por motivos pessoais.
Radioterapia
O tratamento utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor.
Nem todas as mulheres com câncer de mama têm indicação de radioterapia, que pode ser realizada nas seguintes situações:
- Após a cirurgia conservadora da mama, para diminuir a chance da recidiva na mama ou nos linfonodos próximos.
- Após uma mastectomia, especialmente se o tumor tinha mais que 5 cm de diâmetro ou se estava nos linfonodos.
- Se o tumor estava disseminado para outros órgãos, como ossos ou cérebro.
Reconstrução mamária e a volta da autoestima
Em casos em que torna-se necessária a retirada da mama ou parte dela, é possível reconstruí-la a partir de uma cirurgia. O procedimento de reconstrução mamária é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa cirurgia ajuda a devolver autoestima, autoconfiança e qualidade de vida que geralmente são afetadas quando a mulher passa por esse momento tão delicado e desgastante, física e emocionalmente. Com o procedimento também é possível alcançar simetria estética da região.
A reconstrução mamária deve ser feita de acordo com a possibilidade clínica e preferência da mulher. A orientação, conforme previsto na Lei nº 12.802, é que a cirurgia de reconstrução, prioritariamente, seja realizada na retirada da mama. No entanto, de acordo com a própria legislação, quando não houver indicação clínica para realização dos dois procedimentos ao mesmo tempo, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantida a realização da cirurgia após alcançar as condições clínicas necessárias.
Em alguns casos, a reconstrução pode ser adiada em razão da necessidade de terapias adjuvantes, como radioterapia ou quimioterapia, ou ainda como objetivo de se evitar infecção ou rejeição da prótese.