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Domingo 16 de Agosto de 2020
No site da teraambiental.com.br passei a vista d’olhos nos 8 melhores blogs sobre meio ambiente, aleatoriamente comecei a ler sobre um artigo da Envolverde que trazia como tema ” Manaus é exemplo da precariedade urbana na Amazônia, afirma especialista”, publicado em 12 de Agosto por Débora Pinto, Mongbay. O texto tras uma analise dos equivocos no desenvolvimentos do Amazonas e a resposta ineficiente ao surto de coronavirus segundo a Secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas e Professora do Departamento de Geografia da UFAM, Tatiana Schor. No meu olhar de Amazonense nascida e criada em Manaus, (embora residente no sudeste brasileiro no momento) já tinha uma ideia do que estaria por vir. Para minha surpresa Schor faz uma citação que me tocou profundamente e que tirou a venda dos meus olhos. Ela disse o seguinte: ” O que caracteriza um ribeirinho não é o fato de morar na beira do rio, de ter na floresta a sua segurança – não apenas alimentar mas também emocional, algo similar ocorre com os indígenas.” Não contive o choro… um choro de desabafo e ao mesmo tempo alívio! Tal conceito me levou a uma profunda reflexão sobre quem eu sou, e nada mais apropriado quando isso ocorre em situações difíceis. Isso explica porque que nos momentos de insegurança eu verbalizo pra mim mesma a necessidade vital de me refugiar na floresta, o meu casulo seguro. Percebo que a minha essência ribeirinha é que grita por socorro dentro de mim. Como se não bastasse, no final do texto trazia a informação do banner ilustrativo do artigo: ”Palafitas da Glória, na Zona Oeste de Manus”, foto Marandueira. Voltei o olhar atentamente para a imagem e pude ver que se tratava do bairro onde nasci, fui criada e onde ainda residem meus pais, irmãos e amigos. O choque foi ver a foto sem o rio que adentrava os bairros de São Raimundo e Gloria e que hoje já não existe mais, tendo dado lugar aos prédios habitacionais do PROSAMIM. Como ribeirinha, mesmo na distância, sofri a morte do rio, e compartilho de quase todas as questões levantada pela especialista Schor, exceto sobre a “Cabanagem”, como um fator que leve ao enfraquecimento da luta pelos direitos em Manaus. Vejo muito mais grave as distorções do conceito de ribeirinho que engessa por sua vez o senso de pertencimento da Amazônia. Comparado às identidades negra, indígena, esses grupos têm muito bem claro o senso de pertencimento e se reconhecem e se distinguem com clareza e por isso se torna fácil identificar seus pares. Os ribeirinhos não. De toda forma registro aqui o meu agradecimento à equipe da Agência Envolverde e principalmente à Tatiana Schor por me ajudar nesse reconhecimento de identidade e me economizar anos de terapia!
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