A moda e o padrão de beleza não poupam a pluralidade de formas físicas. Desde Marilyn Monroe, ser bonito parece algo quase impossível para a maioria das pessoas. Se hoje Marilyn não reina mais por aqui, o hit do verão é o corpo cheio de músculos, e a praia parece ser um desafio (sobre essa pressão para o corpo de praia perfeito, escrevi recentemente para a Catraca aqui).
Num breve passeio pelos padrões de beleza das últimas décadas, o comum entre todos é a pequena silhueta e ossos marcando desde o ombro ao quadril. Ao analisar dados populacionais, porém, os índices de sobrepeso e obesidade no Brasil aumentam ano após ano. Ou seja, a forma física disseminada como perfeita é muito distante do corpo real dos brasileiros.
Ainda colocando em xeque as contradições entre o corpo ideal e as possibilidades para alcançá-lo, o triplo F – força, foco e fé – na hora de se exercitar também funciona como um gatilho para aumentar a má relação com o corpo. Atualmente é muito comum o uso de atividades físicas com intuito exclusivo de queima de calorias e compensação da alimentação. O exercício físico não tem mais como propósito o prazer de movimentar o corpo. A busca pela barriga tanquinho é o único motivo pelo qual muita gente frequenta a academia.
Com tanta pressão para ter pernas definidas, barriga chapada, cabelos sedosos, braços fortes e sorriso super branco, é fácil acreditar que não há outro padrão a ser seguido. Esquece-se que, na verdade, a beleza está mesmo na diferença entre os corpos, já que todos carregam nas suas formas características únicas. Essas provocações são o ponto de partida para que cada um questione e reflita sobre a relação que mantem com seu próprio corpo e, quem sabe, construa uma relação mais compassiva consigo mesmo, baseada em auto respeito, valorização, cuidado e carinho. Tentar a todo custo entrar em uma forma pré-definida não é sustentável nem saudável.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.
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