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‘Criei uma amiga pra me fazer companhia na pandemia’, explica quarentenada

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A paulistana Amanda Catelan, de 33 anos, encontrou uma maneira bem humorada para enfrentar o príodo de isolamento dentro da sua casa. Depois de mais de 3 meses morando e trabalhando dentro de um apartamento somente com a sua tia, ela resolveu criar a Clarice, uma amiga fofa e companheira feita com almofadas, roupas e criatividade. “Com a quarentena a minha rotina foi inteira alterada. Pra começar, a minha casa não tinha nem um lugar apropriado pra eu trabalhar, então eu tive que improvisar uma mesa e uma cadeira no quarto. Eu também perdi o contato direto com as pessoas, meus amigos e família, então tudo se tornou um pouco impessoal e isso me deixou muito estressada no início”, disse Amanda.

Segundo um estudo publicado na revista científica  The Lancet , a ansiedade e o estresse podem dobrar durante a quarentena, então, procurar por apoio e ajuda é sempre recomendado. Para entendermos melhor sobre como a Amanda resolveu lidar com esta situação, ela nos contou abaixo um pouco sobre a sua experiência com a sua nova amiga Clarice.

Crédito: Arquivo PessoalClarice, uma amiga fofa e companheira feita com almofadas, roupas e criatividade.

Home office não, o termo correto é isolamento devido a pandemia

Vem entender a partir do relato de Amanda Catelan:

Eu sempre trabalhei no escritório e nunca gostei da rotina de home-office, porque eu sempre gostei de deixar o trabalho bem longe de casa como uma maneira de me desconectar e deixar ambas as vidas separadas, a pessoal e a de trabalho. Porém, o que estamos passando agora não é home-office, o termo correto é isolamento social ou quarentena, pois estamos vivendo durante uma pandemia mundial e isso é muito estressante para a maioria dos seres humanos em qualquer lugar do mundo. Isolamento físico e a tentativa de manter um contato mesmo que virtual.

O meu irmão fez aniversário em abril e nós comemoramos virtualmente com uma festa a fantasia, mas ele e a namorada da casa deles e a minha tia e eu daqui da nossa casa. Em seguida, 10 dias depois, foi o meu aniversário também, mas como eu não estava animada pra fazer algo virtual, acabei desistindo. Eu converso com meus amigos muito por mensagem e, às vezes, eu e minhas amigas fazemos uma ligação em grupo, mas nada é o suficiente pra matar a saudade de verdade. Nunca gostei muito de interações virtuais ou por telefone, então realmente tem sido difícil me adaptar com essa nova realidade do isolamento físico.

Como resolvi criar a Clarice, a minha nova amiga

Crédito: Arquivo PessoalClaire foi criada com roupas que tinham sido lavadas e estavam esperando para serem guardadas

Essa ideia surgiu do nada mesmo! Como eu disse, atualmente moramos somente a minha tia e eu aqui neste apartamento. E ela sempre gostou muito de sair, ir ao cinema, teatro, andar pelas ruas e ter um contato pessoal com os amigos mais próximos, algo que não estamos mais fazendo durante esta quarentena. Sendo assim, pra ela ficar em casa foi muito mais difícil do que pra mim, porque eu sempre fui bem caseira.

Um dia eu estava indo buscar um copo de água na cozinha, durante o trabalho aqui em casa, e vi umas roupas  lavadas e secas em cima do sofá que a minha tia estava pra dobrar e guardar. Aí, pra fazer uma brincadeira com ela, eu resolvi vestir uma almofada com as roupas e aguardar pra ver a reação dela. Me escondi num canto e quando ela viu, demos muitas risadas juntas e isso acabou servindo pra nos descontrair. Depois disso, sempre que o tédio ou o desanimo começam aparecer, lembramos da Clarice para dar boas risadas criando novas situações pra ela. Foi muito bacana colocar a criatividade pra funcionar, porque com a rotina do dia a dia, muitas vezes esquecemos de deixar a nossa vida mais leve e divertida. Acho que a Clarice representa um pouco do que eu estou sentindo e em alguns momentos poder brincar com essa personagem ajuda a aliviar a tensão.

Cuidando da saúde mental com bom humor e sem pressão

O que tem me ajudado muito é aceitar a situação que estamos enfrentando. Claro que não é fácil, mas eu entendi que não adianta eu ficar lutando contra, porque não é algo que esteja sob meu controle. Também tem a questão que em nenhum momento eu me cobro pra ser produtiva, criar novos hobbies ou me obrigar a ser feliz em todos os dias. Tem dias em que eu acordo animada pra fazer várias coisas e tem dias que não, e tudo bem ficar na cama ou no sofá fazendo vários “nadas”. E claro, eu me sinto muito privilegiada, pois tenho a oportunidade de trabalhar de casa e também de fazer terapia online, algo que recomendo pra todo mundo que tiver esta possibilidade. Claro que ficar mentalmente saudável nessa situação não é um mérito somente meu, pois eu devo muito a minha tia. Por ela ser totalmente diferente de mim, ela acaba sendo o meu equilíbrio e, nesse sentido, temos nos ajudado muito. Quando uma está desanimada, a outra logo dá um jeito de socorrer e assim vamos levando. E agora também temos a Clarice para nos animar. Na verdade, eu tenho vivido um dia de cada vez e respeitado meu próprio tempo. O importante é a gente sempre tentar ser feliz e buscar ver a beleza nas pequenas alegrias dos nossos dias.

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