Vista aérea de Olinda após fortes chuvas © Reprodução/TV Globo
POR – FABIANA ALVES / NEO MONDO
Mortes de pessoas por deslizamento de terras em função de fortes chuvas em Recife é mais um triste alerta da necessidade de adaptação das cidades aos impactos do aquecimento global
A capital pernambucana foi o primeiro município do estado a declarar seu próprio Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas. Infelizmente, antes do Plano ser concretizado, vieram as fortes chuvas esta semana, que causaram deslizamento de terras e a morte de, até o momento, mais de uma dezena de pessoas.
Essas pessoas não são estatísticas, são vidas perdidas mediante à urgência de se agir para enfrentar as alterações no clima da Terra causadas pela ação humana, que ficarão ainda mais graves. A maioria das vítimas morava em áreas de risco de deslizamento, locais sensíveis que seriam mapeados pelo Plano de Adaptação do Município para embasar políticas que devem preparar a cidade para enfrentar esta nova realidade climática – sejam chuvas cada vez mais fortes e abundantes em períodos concentrados ou longas estiagens.
A mudança do clima não pode mais ser vista como uma alteração que causa estragos em locais distantes dos brasileiros, é uma emergência que deve ser tratada com a urgência necessária para evitar que o número de mortes aumente. E justamente quem já vive em áreas de risco merecem atenção especial.
As vítimas desta semana foram as que menos contribuíram para o aquecimento do planeta, porém estão entre as que já tiveram que pagar essa conta com suas próprias vidas. Essa é a triste realidade da desigualdade em meio ao enfrentamento do aquecimento global, e de que os brasileiros não estão imunes, como mostramos no documentário O Amanhã é Hoje.
Os Planos de Adaptação às Mudanças Climáticas devem ser realizados por cidades de todo o país. E o Governo Federal deve agir para que os verdadeiros grandes emissores de gases de efeito estufa (GEE) paguem pelas vidas de quem menos contribui para as catástrofes climáticas: os desmatadores e grandes indústrias do petróleo em conjunto com a omissão e lentidão do governo local em adaptar seus municípios para proteger seus cidadãos.
Até então, governos e empresas pouco ou quase nada têm feito para que o Brasil deixe de ocupar o sétimo lugar entre os países que mais contribuem para o aquecimento global. Hoje, quem vai para as ruas pedir por ações efetivas são crianças e adolescentes do mundo todo.
Aqui no Brasil, no próximo dia 20 de setembro, nós estaremos junto com eles na grande Greve Global pelo Clima, uma grande mobilização liderada por jovens para cobrar governos e empresas a responsabilidade pela inação e destruição.
A emergência climática já começou e devemos correr para não perdermos nenhuma vida a mais. A culpa não é do clima, é daqueles que causam o aumento da emissão no planeta e dos que se omitem a agir para adaptar e mitigar os estragos em curso.