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Depois do leite sem vacas, proteínas de ovo sem galinhas e colágeno sem matéria prima animal, agora também teremos o mel que não é oriundo de abelhas
Com a crise de sustentabilidade na criação de gados para o consumo humano, muitas empresas vêm investindo na criação de proteínas à base de plantas com a promessa de suprir o aumento do consumo de carne animal, que deve crescer em 70% até 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Com o advento dessas novas tecnologias capazes de substituírem matéria-prima animal por outras mais sustentáveis, a empresa californiana MelBio conseguiu recriar um mel – sem a necessidade do trabalho das abelhas. A empresa quer chegar na fórmula perfeita do produto não só para ser a pioneira no mercado, como também para diminuir a pressão sobre as espécies já comprometidas com a atual demanda de mel no mundo.
Em entrevista para o portal de tecnologia “Fast Company”, Darko Mandich, CEO da startup, diz que a missão da MelBio é também resolver o problema do impacto que as abelhas têm em manter a biodiversidade: “Existem 20 mil espécies de abelhas selvagens e nativas. E essas espécies estão comprometidas com a atual produção de mel, que depende totalmente da apicultura comercial. Decidimos usar a ciência para produzir mel exatamente como as abelhas fazem, mas removendo-os da cadeia de abastecimento para que possamos ajudá-las a prosperar”. Desta forma, as abelhas que são tão importantes para o desenvolvimento geral do planeta Terra, não serão exploradas por métodos puramente capitalistas que, muitas vezes, acabam sendo destrutivos.
Mel em fase de testes
A empresa estima que o mel estará disponível para o consumidor no final de 2021.
O processo de produção do mel é similar àquele que produz células de laticínios isolando o DNA da proteína do leite, dispensando a necessidade de vacas no processo.
A primeira versão do mel de laboratório teve resultados satisfatórios: segundo o CEO da MelBio, a textura, o sabor e a viscosidade lembravam o mel de abelha original. Um teste às cegas deixou os degustadores em dúvidas sobre qual era o produto feito pela ciência e qual era o vindo das abelhas. Segundo ele, 14 empresas já assinaram cartas de intenção de compra do produto para usá-lo quando estiver finalmente pronto.
O mel de laboratório poderá ser usado na indústria de alimentos, e até pela de cosméticos – dando aroma ou textura para sabonetes, xampus e outros produtos de beleza. O próximo passo é conseguir uma rodada de investimento que garanta um custo menor para esse produto do que o mel de abelha natural. Assim, desestimula-se o uso do inseto, que pode se recuperar das demandas comerciais de consumo do alimento.
Além do apelo de ser produzido de maneira ecologicamente correta e de proteger o meio-ambiente – ponto de atração para consumidores da GenZ (geração Z), os mais preocupados com o tema entre as gerações – o mel de laboratório também tem grande potencial para crescer entre veganos e vegetarianos.
Vale lembrar que o mercado de alimentos livres de proteína animal deve crescer cerca de 31 bilhões de dólares até 2026. Ou seja, o mel com carimbo científico pode ter um belo caminho pela frente em um comportamento de consumo que está em franca expansão.
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