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Empresas e os objetivos do desenvolvimento sustentável: avanços e desafios

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As empresas desempenham papel fundamental na consecução da Agenda 2030 e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) lançados pela ONU em 2015. Os 17 ODS são desdobrados em 169 metas quantificáveis que visam acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.

Com o objetivo de identificar os avanços e oportunidades em relação ao engajamento das organizações com os ODSs, realizamos uma pesquisa com representantes de 142 organizações brasileiras em parceria com Pacto Global Brasil. Os resultados mostram que 51,2% das organizações tinham comprometimento público com os ODSs e 26,9% afirmaram estar em fase de planejamento. Dois fatores determinantes para consideração dos ODSs nas estratégias se referiam ao “Código de Ética da Empresa” (69%) e à “Manutenção e Desenvolvimento de Reputação e Imagem” atreladas à sustentabilidade (66%). Este resultado sugere que os motivadores estão mais relacionados a compliance e riscos reputacionais e menos ligados a oportunidades, tais como “Acesso a Capital” (28%) e “Atração e Retenção de Talentos” (30%). Em relação ao método de priorização, ao contrário do que se esperava, somente 23% das empresas priorizaram os ODSs em função dos “Impactos Negativos Gerados” em toda cadeia de valor. Os ODSs de maior representatividade nas estratégias foram “Saúde e Bem Estar” (62%) e “Trabalho Decente e Crescimento Econômico” (58%); e o de menor representatividade foi “Vida na Água” (17%).

Outros resultados interessantes são:

– Somente 12,50% das empresas possuíam orçamento específico para estratégias e projetos relacionados aos ODSs.

– A grande maioria (79%) das empresas estudadas não adotava critérios de desempenho atrelados aos ODSs.

Em suma, concluímos que a formalização da intenção das empresas brasileiras com os ODSs é positiva e na direção certa. No entanto, percebemos um longo caminho a ser percorrido pelas empresas no que tange à implementação, ao controle e à comunicação das estratégias e resultados. Caminho que passa por reconhecer seus impactos negativos a fim de reduzi-los ou eliminá-los. Reconhecer que investidores e talentos buscam cada vez mais as empresas com propósito. Reconhecer que alguns problemas do Brasil, como “Vida na Água” têm origem sistêmica e são de responsabilidade de todos. Reconhecer que nesta empreitada não existem competidores, mas sim, potenciais parceiros setoriais. Reconhecer a responsabilidade pela educação do consumidor.

Reconhecer que os colaboradores e fornecedores precisam ser capacitados nas questões relacionadas aos ODSs para que a mudança de comportamento e a inovação de valor ocorram na prática. Reconhecer e mudar a estrutura organizacional, bem como o sistema de avaliação de desempenho e incentivos. Enquanto os ODSs não forem transformados em metas de desempenho com prazos e valores a serem atingidos, poucos resultados efetivos serão alcançados. E finalmente, além de reconhecer, é preciso agir, afinal 2030 está logo aí.


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