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A rotina alimentar de muita gente está diferente no período de quarentena e de distanciamento social. As mudanças de horários, local de trabalho ou estudo, e de onde fazer as refeições trazem consequências na maneira como as pessoas comem.
Aumentaram tanto as compras de comida para casa, quanto o tempo disponível para que refeições sejam feitas. O café da manhã, com um pouquinho mais de tempo, está se transformando em café da manhã de hotel.
O almoço, com arroz feito na hora e feijão caseiro, fica ainda mais fácil graças ao minúsculo deslocamento do quarto até a cozinha. À tarde, vem aquele cheirinho de café, que se mistura ao do bolo recém saído do forno, obrigando-nos a fazer uma pausa nas atividades do entardecer. No fim do dia, despertados pelo ronco do estômago, chega a hora de desligar o computador e jantar aquele sanduíche no pão de fermentação natural cuja receita aprendemos na última live do Instagram.
Com esses novos hábitos, é evidente que não só a comida ganhou um papel fundamental no desenrolar da nossa organização diária, como também estamos comendo de maneira bem diferente da rotineira.
Ainda em meio a todas essas mudanças alimentares, estamos todos adeptos de novos looks: a calça social deu espaço à calça de moletom; a maquiagem agora pode ficar guardada; e os sapatos nem saem mais dos armários. Roupas confortáveis são a nova moda! O auge do fashion é aquele modelito de blusinha chique, disfarçando o bermudão que não aparece na tela do computador entre uma videoconferência e outra.
E esses fatores somados – a comida como protagonista, o tempo disponível, e as roupas mais largas e confortáveis – podem trazer como consequência a perda da sensibilidade da percepção corporal. Com o novo dia a dia, fica mais fácil nos desconectarmos dos sinais de fome e saciedade, além de estarmos sujeitos a novos motivadores para o ato de comer. E, assim, muita gente está percebendo que em meio a perda da liberdade há o ganho de alguns quilinhos.
Mas, se o aumento de peso de fato acontecer, nada de demonizar algum alimento. Nunca use a comida pensando no potencial que este ou aquele alimento tem de engordar ou emagrecer. Não existe alimento com esse poder. O que transforma nossa maneira de comer é estar sempre em busca de equilíbrio e honrar os sinais internos que recebemos do nosso corpo.
Tampouco comece a se exercitar de maneira obcecada e compensatória! Todo e qualquer exercício deve ser feito única e exclusivamente para trazer bem-estar e movimento para o corpo gozar de suas capacidades físicas. Como costumo dizer, nosso corpo é muito sábio e não há motivos para entrar em desespero. Ele se adapta a nossas rotinas e pode ser seu grande aliado.
A preocupação com o peso pode ser reflexo da pressão estética e super valorização do corpo magro, além de ser o estopim para comportamentos alimentares transtornados e a adoção de restrições alimentares por meio de dietas e regimes malucos.
Durante a pandemia, fazer dietas pode ser prejudicial não só para sua saúde mental – já que dietas podem levar a mudança de humor, a pensamentos obsessivos sobre comida, diminuição da autoestima -, mas também pode apresentar consequências físicas – como o agravamento do risco de episódios de exagero ou compulsão alimentar. E o pior: em um momento tão crítico quanto este, no qual a saúde deve ser mantida sem comprometer a nossa imunidade, restringir sua alimentação pode ser a porta de entrada para adoecer de maneira séria e irreversível.
Como já dizia a nutricionista americana Ellyn Satter: “Comer normalmente é comer em excesso às vezes e depois se sentir estufado e desconfortável. Também é comer pouco de vez em quando, desejando ter comido mais. Comer normalmente é confiar que seu corpo conseguirá corrigir os pequenos ‘erros’ da sua alimentação”. Ou seja, nesse momento tão delicado e único de nossas vidas, o peso corporal não deveria ser algo que ocupe nossos pensamentos obsessivamente.
Comparado a todos os riscos que o contexto atual oferece, ganhar uns quilinhos a mais nem pode ser visto como o menor dos problemas: na verdade, nem um problema é. Seja gentil com o seu próprio corpo. Não deixe que as mudanças de rotina, já difíceis por si só, façam com que você restrinja sua alimentação e se desconecte dele.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.
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