No último dia 31 de agosto comemorou-se o dia do nutricionista. A data tem como objetivo a valorização do profissional, reconhecendo seus direitos e deveres e trazendo à tona para a sociedade a necessidade de tê-lo em ambientes hospitalares, escolares, ambulatoriais e de serviços de alimentação coletiva.
A valorização do nutricionista é necessária nos dias de hoje não apenas por causa da importância da profissão em si, mas também devido à enorme contribuição que nutricionistas podem fazer à vida das pessoas. Infelizmente, porém, essa contribuição ainda é distorcida por meio de estereótipos e sensos comuns.
Afinal, se pesquisarmos por imagens relacionadas à profissão, encontraremos figuras de balanças, fitas métricas, frutas, verduras e legumes.
Estereótipo
Isso significa que, para a maioria das pessoas, o objetivo central do nutricionista ainda está relacionado a uma representação sobre o que significaria “comer saudável” e, sobretudo, à ideia de que a meta do profissional é fazer as pessoas emagrecerem.
Desse estereótipo é um pulo para que muitos entendam o nutricionista como aquele que prescreve dietas mágicas e truques definitivos para modelar o corpo, além de ditatorialmente definir o que se deve ou não comer.
É o popularmente conhecido “três Fs” – “força, foco e fé” –, muitas vezes vinculado ao nosso trabalho. A contagem de calorias e a postura julgadora, aversiva e nada acolhedora ainda parecem pairar no inconsciente quando o assunto é “alimentação saudável” e a necessidade de marcar uma consulta com um nutricionista.
O real papel do nutricionista
Como contraponto ao popularmente conhecido, é preciso aproveitar a data comemorativa para refletir sobre o real papel que nutricionistas têm para ajudar as pessoas a melhorar sua relação com o ato de comer e com seus próprios corpos.
Atuar como nutricionista envolve, na verdade, uma enorme responsabilidade: a de proteger as pessoas da realidade cruel de dietas restritivas e promessas de emagrecimento rápido – exatamente o contrário do que os estereótipos e o senso comum dizem que fazemos.
O conceito de alimentação e corpo perfeitos afeta diretamente a saúde física e mental das pessoas: estima-se que apenas 2% das mulheres no mundo consideram-se bonitas. A insatisfação corporal, na maior parte das vezes, é um efeito colateral do hábito de fazer dietas restritivas.
O trabalho e valor do profissional de nutrição vão além da nutrição celular; na verdade, englobam, por exemplo, a maravilhosa relação do ser humano com o primeiro pedaço do bolo de aniversário do seu melhor amigo; vão além da queima de gordura e das calorias marcadas na esteira; consistem, sobretudo, em valorizar a sopa quentinha que a avó faz nos dias frios e a deliciosa salada de aspargos que um marido prepara para a família no verão.
Entender a profissão, portanto, é sair dos estereótipos de balança, fita métrica, frutas e verduras, deixando de olhar nutricionistas como xerifes da comida alheia e mágicos do “perca mil quilos em dois dias”.
Trabalhar como nutricionista é, sobretudo, ajudar as pessoas a melhorar sua relação consigo mesmas, fazendo com que elas consigam amar seu corpo e amar comida.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.
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