O grupo txtil Malwee ir lanar um selo “Moda do Bem” para sinalizar suas peas produzidas com iniciativas mais sustentveis, como reduo do uso de gua e uso de matrias primas orgnicas e biodegradveis.
O selo ser lanado em dezembro, junto com uma coleo cpsula. Uma das malhas usadas, por exemplo, contar com 88% de polister reciclado, proveniente de embalagens plsticas. A companhia afirma que, dessa forma, j retirou mais de 30 milhes de garrafas do meio ambiente.
O jeans utiliza processos industriais com reduo de at 93% no consumo de gua. As etiquetas das peas sero de tecido reciclado e as embalagens feitas de plstico 100% reciclado. Tambm utiliza algodo desfibrado em parte das peas, produzido a partir da reciclagem de resduos de malhas, e tem processos de tingimento que permitem economizar at 98% do volume de gua, como no caso do tingimento das cores neon.
A empresa, que tem 50 anos e presidida desde 2007 por Guilherme Weege, da famlia fundadora, tem 330 lojas e vende para outras 25.000 lojas multimarcas no Brasil. Ela faturou 1 bilho de reais no ano passado, 7% a mais que no ano anterior.
Pacto da ONU
A criao do selo e da coleo cpsula so resultado da assinatura de um termo de compromisso da ONU, chamado Our Only Future, ou Nosso nico Futuro, que busca evitar o aumento da temperatura mdia global e zerar a emisso de gases de efeito estufa at 2050.
A Malwee foi uma das trs brasileiras a assinar o acordo, ao lado da Klabin e da Natura. Alm disso, em agosto, a Malwee tambm participou do lanamento do Fashion Pact, ao lado de 32 companhias de moda, durante o compromisso com o clima, durante reunio do G7, na Frana.
A assinatura desses acordos pela Malwee uma forma de trazer mais visibilidade ao tema e s iniciativas da companhia, diz Guilherme Weege. “Hoje o consumidor no sabe como fabricado o produto que ele consome, mas ele est interessado no processo”, afirmou o presidente em entrevista EXAME.
Guerra de preos e de novidade
A indstria txtil uma das que mais polui globalmente. Um caminho de resduos txteis jogado no lixo a cada segundo no mundo e as roupas jogam meio milho de toneladas de microfibras nos oceanos todos os anos.
A briga por preo, diz Weege, um dos fatores para o grande impacto ambiental do setor. “O rpido consumo puxa os preos cada vez mais para baixo e as empresas buscam os pases com os menores custos de produo”, afirma o executivo.
Por isso, o preo dos produtos mais sustentveis da Malwee similar ao das peas normais. No entanto, a fabricao ainda mais cara, j que ainda no h escala o suficiente para baratear o custo.
No longo prazo, a companhia deve ganhar com as economias de custo de materiais e de gasto de gua, alm de baratear o processo com o aumento da escala mas at l deve sacrificar margens. “H consumidores que enxergam o diferencial desses produtos, mas ainda no uma pea que se paga”, diz Weege.
O presidente, no entanto, no acredita no fim do fast fashion, lanamento rpido de novas peas para estimular o consumo das novidade. “A moda passageira, no atemporal, ento o fast fashion continuar a existir. A diferena que o pblico ir buscar mais qualidade e outros modos de produo”, diz.
Outras iniciativas
A companhia estabeleceu um plano para investir 100 milhes de reais at 2021 com foco em projetos sustentveis. A principal meta reduzir o consumo de gua utilizada na fabricao anual de 35 milhes de peas de roupa.
No caso dos jeans, a reduo no gasto de gua vai reduzir o custo das peas em cerca de 4% a companhia fabrica aproximadamente 1 milho de calas jeans por ano.
Em 2015, o Grupo Malwee lanou um plano para reduzir 20% a emisso de gases de efeito estufa at 2020. O marco foi atingido ainda em 2017 e hoje a reduo na emisso j de 68%, com o investimento de 7 milhes de reais na substituio da caldeira de gs natural por caldeira de biomassa, o cavaco de madeira.
“Precisamos democratizar esse tipo de peas. A nossa coleo cpsula foi lanada principalmente para expor nossos diferenciais para o mercado e para nossos consumidores”, afirma Weege.