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As atividades físicas estão presentes em nossas vidas desde as brincadeiras da infância, passando pela escola e, para muitos, seguindo até a vida adulta. Mas algo fundamental parece se perder com tempo: o prazer de praticar exercício físico. Infelizmente, é muito comum – além de socialmente aceito – trocar o contentamento de se exercitar pelo peso da obrigatoriedade em realizar atividades físicas, geralmente relacionando o ato do exercício a uma potencial compensação do que se come. Ao fazer isso, ficamos mais distantes de práticas físicas verdadeiramente saudáveis.
O ato de compensar a alimentação é bastante frequente em casos de transtornos alimentares, marcados por grave insatisfação e persistente sofrimento em relação à forma física e ao peso corporal. Utilizar-se da atividade física como meio de queimar calorias perpetua e pode até agravar as questões alimentares transtornadas.
Culpa e arrependimento relacionados ao ato de comer já significam um problema sério por si só e que deve ser tratado; quando aliados à necessidade de se livrar daquilo que foi ingerido via exercícios físicos, tem-se um possível sinal de alerta máximo.
Devemos buscar praticar exercícios físicos de maneira semelhante à forma como frequentemente se faz na infância, ou seja, por meio de atividades que gerem prazer, e nas quais o ato de se movimentar seja pautado primeiramente pelo desejo, sem preocupação com a quantidade de energia gasta.
Se feito dessa maneira, as chances de se tornar um hábito são maiores, perpetuando os benefícios da prática. Para aqueles que se exercitam por obrigação, é comum a alternância de períodos marcados por treinos frequentes e intensos com outros de puro sedentarismo. Isso é, no fundo, intuitivo: aquilo que fazemos com prazer tende a se consolidar; aquilo que fazemos por obrigação, por ser um fardo, tende a ser inconstante e doloroso.
Não há maneira melhor de estar conectado ao corpo que por meio de exercícios físicos. E não há forma mais adequada de manter uma boa relação com o corpo do que praticando alguma atividade física de qualidade, respeitando gostos e limites pessoais. Se você usa a prática de exercícios de maneira punitiva – ou o contrário, não pratica exercícios -, convido a refletir sobre a importância de mexer o corpo de modo prazeroso.
Exercícios físicos não podem ser vistos como meio para compensar nada; eles são um fim em si mesmo: geram prazer, bem-estar, conexão com o corpo e ajudam, por consequência, na manutenção de uma vida mais saudável.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.
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