Um homem de cerca de 60 anos morreu e sua esposa está internada após ambos se automedicarem com cloroquina, o remédio que foi apontado como um possível tratamento para o novo coronavírus. O caso aconteceu no estado do Arizona, nos Estados Unidos, segundo informou a CNN.
Na semana passada, o presidente americano Donald Trump chegou a pedir ao FDA, agência responsável pela aprovação de medicamentos nos EUA, que permitisse rapidamente o uso da cloroquina no combate à covid-19. Atualmente, a droga é usada no tratamento da malária, lúpus e artrite reumatoide.
Acontece que o anúncio sobre os bons resultados da cloroquina, demonstrados em um estudo com 24 pacientes na França, provocou uma corrida injustificada pelo medicamento nas farmácias em vários lugares do mundo. Em algumas cidades do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro, a droga chegou a se esgotar, deixando vários pacientes que dependem da medicação sem tratamento.
Além disso, a automedicação de cloroquina preocupou as autoridades de saúde por conta dos efeitos colaterais graves que ela pode provocar, como surdez e até cegueira.
Também na semana passada, a Anvisa chegou a publicar uma nota não recomendando a utilização das substâncias em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus e decidiu enquadrar a substância como produtos de controle especial.
A cloroquina é usada há 70 anos contra a malária e a hidroxicloroquina é um derivado menos tóxico da droga. Para serem usadas no combate ao novo coronavírus, a Anvisa reforçou ser necessário conduzir estudos clínicos em uma amostra representativa de seres humanos, demonstrando a segurança e a eficácia para o uso pretendido.
Testes da droga
No Brasil, a farmacêutica EMS, em parceria com o Hospital Albert Einstein e outras instituições de saúde, vai conduzir um estudo para observar a eficácia da droga contra o coronavírus. Os testes devem começar em até 30 dias.
“Pelo estudo francês, há indícios de que esse medicamento reduziu a carga viral nos pacientes em um tempo menor. Mas temos que fazer testes clínicos aqui para avaliar os efeitos na população brasileira”, disse Roberto Amazonas, diretor médico-científico da EMS, em entrevista ao Valor Econômico.
O Secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, informou que a pasta pode autorizar a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos graves do novo coronavírus. A eventual liberação das sustâncias terá caráter experimental e valerá apenas para pacientes internados.