Inovação e sustentabilidade são caminhos para garantia da alimentação mundial, dizem empresas do setor
POR – APPROACH COMUNICAÇÃO / NEO MONDO
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) reuniu empresas da cadeia de alimentos para debater produção resiliente
A inovação é o principal caminho para garantir a disponibilidade de alimentos em um cenário que prevê crescimento populacional de 26% até 2050. A conclusão é do líder da divisão Crop Science da Bayer, Gerhard Bohne, que apontou a integração entre os elos da cadeia de alimentos como o principal desafio para garantir suprimentos suficientes para alimentar a população mundial. Bohne reforça que o setor trabalha, nos últimos anos, para desenvolver tecnologias que garantam maior produtividade alinhada a uma produção mais sustentável.
“A inovação é primordial para o sistema de alimentos. Temos que, cada vez mais, desenvolver soluções personalizadas para garantir que seremos capazes de alimentar quase 10 bilhões de pessoas em 2050. Para isso, precisamos harmonizar produção, distribuição e consumo”, reforça.
Bohne participou, nesta quinta-feira (27/06) do Workshop de Alimentos Resilientes, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) que reuniu atores de diversos elos da cadeia de alimentos no país. O workshop faz parte do programa de Inteligência Agroclimática (IAC), que pretende aumentar em 50% a disponibilidade de alimentos, enquanto reduz em 50% as emissões de gases do efeito estufa.
A cadeia do agronegócio é hoje a maior emissora de GEE ao mesmo tempo em que é a atividade mais suscetível às mudanças climáticas. A diretora de Desenvolvimento Institucional do CEBDS, Ana Carolina Szklo, alerta que as mudanças climáticas é um desafio sem precedentes, principalmente para um setor tão ligado ao clima.
“Hoje, 40% das terras usadas no mundo são destinadas ao agronegócio. Isso equivale a 30% das emissões mundiais e 70% do consumo de água. Precisamos, com urgência, tornar a cadeia mais resiliente. Nosso futuro depende da capacidade de criar sistemas de alimentos para garantir a nutrição da população”, afirma.
As mudanças climáticas afetam não só a capacidade produtiva, mas, segundo a Diretora de Comunicação e Relações Governamentais da DSM Latam, Zenaide Guerra, estão causando danos aos alimentos na forma nutricional. Para Zenaide, o desperdício precisa ser combatido com urgência.
“Da produção de alimentos destinada ao consumo humano, cerca de 30% é desperdiçado. Isso responde por 8% de gases do efeito estufa e 20% da água utilizada pela agricultura. O desperdício é real e causa sérios prejuízos aos seres humanos. Temos que ser capazes de entender as culturas locais de cada país e fortificar os alimentos básicos dessas dietas”, acredita.
O entendimento acerca do impacto da cadeia é um dos caminhos para torná-la mais resiliente. “O processo de mudanças climáticas passa por uma discussão muito grande sobre o acesso as informações. Munido de dados, os consumidores conseguirão fazer escolhas mais sustentáveis”, afirma Juliana Lopes, diretora de sustentabilidade da Amaggi.
Outro caminho é a aplicação de tecnologias disruptivas, como a integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF). A modalidade, que prevê produção integrada, aumenta a produção por hectare ao mesmo tempo que reduz as emissões. A aplicação da técnica esbarra em algumas barreiras: assistência técnica e acesso ao crédito.
Renato Rodrigues, presidente da rede ILPF, destaca que, no Brasil, as áreas com utilização de técnicas de ILPF saltaram de dois milhões de hectares, em 2005, para 15 milhões, em 2018. A expectativa é de que, até 2030, 35 milhões de hectares estejam aplicando a tecnologia.
“A ILPF é uma tecnologia completa. Através dela fomos capazes de alcançar as metas do plano de agricultura de baixo carbono (ABC) antes do prazo. É um conjunto de técnicas que permite aumentar a produção garantindo a sustentabilidade do agronegócio”.