Muito se falou nas últimas semanas sobre o corpo de mulheres famosas, como o da atriz Paola Oliveira e o da norte-americana Scarlett Johansson. Os comentários foram quase unânimes em criticar celulites, gorduras, estrias e envelhecimento de ambas as “musas”.
Passou na timeline um imbecil criticando o corpo da Scarlett Johansson, então vou postar as mesmas fotos pra enaltecer essa oitava maravilha do mundo 😍😍🤤 pic.twitter.com/pO0ss4A0Vt
— Vinícius Sacramento (@vinnybrandt) November 21, 2019
Vê-se que a pressão estética sofrida por mulheres há décadas continua poderosa e fazendo suas vítimas. Se até Paola Oliveira é criticada por ter um corpo fora das expectativas sociais, imagine você, mulher real, com suas marcas e silhueta talhadas por sua genética, história e estilo de vida.
Mas nem tudo segue esse sentido. Por um lado, é verdade que ainda estamos sucumbindo à idealização do corpo de praia, sempre tonificado, bronzeado, jovem e sem marcas de celulite ou estria. Por outro, empresas que representam a hegemonia do corpo feminino perfeito (e irreal) vêm mudando seu comportamento. Esse é o caso da famosa marca de lingerie Victoria’s Secret.
Desde 1995, os desfiles de lingerie da Victoria’s Secret simbolizavam para mulheres do mundo todo o poder dos corpos de modelos. No entanto, a necessidade da inclusão de outros tipos de corpos falou mais alto. Na semana passada, a empresa decidiu cancelar a realização do seu famoso desfile de lingerie.
Muitos acreditam que a postura da grande concorrente da marca das angels – a linha de lingeries da cantora e empresária Rihanna, a Savage X Fenty – teria sido o golpe final para Victoria’s Secret. Na ocasião do lançamento da marca de Rihanna, chamou atenção a pluralidade de formas de corpos em desfiles e propagandas. Isso definitivamente agradou muitas mulheres, que se sentiram à vontade para usar as peças da Savage X Fenty, cujos números servem até o tamanho 3XL.
Ou seja, enquanto ainda vivemos a cobrança por corpos irreais, há uma forte onda exigindo uma maior abertura para corpos reais na mídia e nas passarelas.
Isso é importante para o fortalecimento de relações mais saudáveis com o corpo, e para que se vivenciem as próprias formas corporais com naturalidade e paz. Se somos todos diferentes, e cada um carrega consigo suas individualidades, por que devemos aplaudir apenas anjos?
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.