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Por Deutsche Welle –
Partículas estavam em amostras de neve recolhidas a mais de 8.000 metros de altitude. Microplástico pode ser fragmento de artigos usados por alpinistas durante expedições.
Pesquisadores descobriram a presença de microplásticos em amostras de neve recolhidas a mais de 8.000 metros de altitude no Monte Everest, revelou um estudo divulgado nesta sexta-feira (20/11). As partículas foram encontradas em 19 amostras coletas no alto da montanha, incluindo as recolhidas na região conhecida como “zona da morte” próxima ao topo.
As amostras revelaram quantidades substanciais de fibras de poliéster, acrílico, nylon e polipropileno – materiais muito utilizados em vestuário de exterior habitualmente usado pelos alpinistas, além de estarem presentes em tendas e cordas de escalada.
De acordo com os pesquisadores, os microplásticos, encontrados em amostras de neve recolhidas a 8.440 metros acima do nível do mar, podem ser fragmentos de artigos usados durante as expedições para alcançar o topo do Everest. No entanto, eles não descartam que esses poluentes tenham sido transportados de altitudes mais baixas pelos ventos fortes da região.
O estudo foi publicada na revista científica One Earth e liderado por pesquisadores da Universidade de Plymouth, em conjunto com outros cientistas do Reino Unido, Estados Unidos e Nepal.
“Os microplásticos são gerados por uma série de fontes e muitos aspetos da nossa vida cotidiana podem levar à entrada de microplásticos no ambiente. Nos últimos anos, temos encontrado microplásticos em amostras recolhidas em todo o planeta – desde o Ártico até aos nossos rios e mares profundos. Com isso em mente, encontrar microplásticos perto do topo Everest é um alerta oportuno de que precisamos fazer mais para proteger o nosso ambiente”, afirmou Imogen Napper, autora principal do estudo.
As amostras foram recolhidas em abril e maio do ano passado no Everest e num riacho que passava pela montanha. As maiores quantidades de microplásticos foram encontradas nas amostras do Campo Base, de onde as expedições partem para o topo.
Diversos estudos já revelaram a presença de microplásticos em oceanos e rios, mas ainda há pouca pesquisa sobre a presença destes poluentes em geleiras.
“Não sabia o que esperar em termos de resultados, mas me surpreendeu realmente encontrar microplásticos em todas as amostras de neve que analisei. O Monte Everest é um lugar que sempre considerei remoto e primitivo. Saber que estamos poluindo perto do topo da montanha mais alta é um verdadeiro alerta”, disse Napper.
A primeira escalada bem-sucedida ao topo do monte Everest ocorreu em 1953. E desde então, cada vez mais alpinistas tentam realizar este feito. No ano passado, governo do Nepal emitiu 381 licenças para alpinistas escalarem o monte, um recorde histórico. Diversas mortes ocorreram em 2019 na região e revelaram a superlotação da montanha mais alta do mundo.
Dos anos 1950 até hoje, também houve um aumento exponencial do uso de plástico no mundo, passando de 5 milhões de toneladas em 1950 para mais de 330 milhões de toneladas em 2020.
CN/dpa/efe/lusa
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