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Por Jaqueline Sordi, Observatório do Clima –
Agência meteorológica da ONU afirma que concentrações ultrapassaram 410 partes por milhão em 2019 e emissões acumuladas dos anos anteriores fizeram tendência de alta prosseguir em 2020
A desaceleração industrial provocada pela pandemia de Covid-19 não freou o aumento recorde das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera ao longo deste ano, indicou o boletim anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão das Nações Unidas. Divulgado nesta terça-feira (23), o relatório indicou que mesmo com uma redução nas emissões de CO2 durante os meses de lockdown, a concentração do gás na atmosfera continuou aumentando em 2020, já que ela é resultante de emissões cumulativas passadas e atuais.
“O dióxido de carbono permanece na atmosfera por séculos e no oceano por mais tempo ainda. A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO2 foi de 3 milhões a 5 milhões de anos atrás, quando a temperatura estava 2oC a 3°C mais quente e o nível do mar estava 10 a 20 metros mais alto do que agora. Mas não havia 7,7 bilhões de habitantes”, disse o Secretário-Geral da OMM, o finlandês Petteri Taalas.
De acordo com o boletim, durante o período de interrupção de quase toda a atividade econômica na Europa e outros países, que durou cerca de dois meses, as emissões mundiais de CO2 podem ter diminuído em torno de 17%. No entanto, como a duração e a rigidez desses lockdowns ainda não são totalmente claras, é difícil prever o impacto dessa desaceleração no ano de 2019. Estimativas preliminares apontam que será entre 4,2% a 7,5%. Taalas explica que o observado neste ano representa muito pouco a longo prazo. No entanto, acredita que o cenário atual aponta um caminho para estabilizar a curva de maneira duradoura.
“A pandemia da Covid-19não é uma solução para as mudanças climáticas. No entanto, ela nos fornece uma plataforma para que tenhamos ações climáticas mais ambiciosas visem reduzir as emissões a zero por meio de uma completa transformação dos nossos setores industriais, de energia e transporte”, afirmou.
No Brasil, as emissões provavelmente cresceram em 2020, na contramão do restante do mundo. Isso se deveu ao desmatamento descontrolado na Amazônia, cujos alertas tiveram uma alta de 34%. Segundo estimativa preliminar publicada em maio pelo SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima), a alta pode ser de 10% ou mais neste ano em relação a 2019.
A tendência atual no mundo, que faz com que a concentração de CO2 siga crescendo apesar da redução nas emissões em 2020, é resultante do comportamento registrado em anos anteriores. Em 2019, por exemplo, o nível anual médio global de dióxido de carbono foi de cerca de 410,5 partes por milhão (ppm), acima de 407,9 ppm em 2018, sendo que apenas em 2015 havia cruzado a linha das 400 ppm. As emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis, desmatamento, entre outros, elevaram em 148% o nível de CO2 atmosférico quando comparado aos níveis pré-industriais, que eram de 278 ppm. Durante a última década cerca de 44% do CO2 emitido permaneceu na atmosfera, enquanto 23% foi absorvido pelo oceano e 29% por terra, estima a OMM.
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