Um estudo da FAO diz que se apenas 25% dos alimentos desperdiçados no mundo pudessem ser ‘salvos’ e redistribuídos, seria possível alimentar mais de 870 milhões de pessoas.
De acordo com a FAO (Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo não são consumidos.
Isso equivale a aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de alimentos
desperdiçados, um volume que seria suficiente para alimentar dois bilhões de
pessoas.
Alguns
países estão se mobilizando para combater esse desperdício, com iniciativas
exemplares que poderiam ser aplicadas em outros países e, principalmente, no
Brasil, onde a fome afeta 15 milhões de pessoas, de acordo com o IBGE.
Desperdício proibido na França
A França se tornou a primeira
nação do mundo a proibir o desperdício de alimentos nos supermercados. Pela lei
adotada no país, alimentos próximos da data de vencimento não podem ser
descartados. Eles devem ser doados a bancos de alimentos ou instituições de
caridade. Os supermercados que desrespeitarem essa lei podem sofrer multa
de até 75 mil euros ou uma sentença de prisão de até dois anos.
Itália incentiva levar comida para casa
A Itália também está na luta contra o desperdício. Desde 2016 o país facilita a doação de empresas e agricultores para instituições de caridade, visando conter o desperdício. Diferente da lei francesa, a lei italiana não aplica punições, mas se concentrou em incentivos que facilitam a mudança de comportamento das empresas. Uma das ações adotadas no país é uma campanha que incentiva as pessoas a levarem para casa os alimentos de seus pedidos nos restaurantes que não foram consumidos.
Supermercado dinamarquês contra o desperdício
Na Dinamarca, há três anos funciona
um supermercado que só vende alimentos vencidos ou fora do padrão de
comercialização. O Wefood é uma iniciativa da ONG Dinamarquesa DCA e recebe
alimentos vencidos, com etiquetas incorretas ou com embalagens danificadas. A loja
trabalha em parceria com duas das maiores cadeias dinamarquesas de
supermercado, a Føtex e a Danske Supermarked, além de mercados locais. Os
produtos ofertados incluem laticínios, carnes, frutas, vegetais, pães e
congelados, todos com um valor de 30 a 50% mais baixo do que os vendidos nos
mercados comuns.
Além de evitar o desperdício, o
dinheiro arrecadado com a venda dos alimentos é usado para combater a fome em
países como o Sudão, Etiópia e Bangladesh.
Evitar o desperdício reduz custos ambientais
O desperdício de alimentos também
provoca danos ao meio ambiente. A produção, distribuição, consumo e descarte de
alimentos necessitam de uma grande quantidade de energia e água e geram uma
pegada de carbono significativa.
Além disso, o fato de um terço
dos alimentos produzidos no mundo a cada ano serem desperdiçados, significa que
3,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa foram liberados desnecessariamente
na atmosfera, ou seja, uma poluição que poderia ter sido evitada.
Outra questão relevante em
relação ao desperdício de alimentos, são os custos para produzir esses
alimentos não consumidos. No mundo todo, o desperdício de alimentos custa cerca
de 1 trilhão de dólares por ano, de acordo com a ONU.