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Por Brasil de Fato –
Entre o 1º e o 2º trimestre de 2020, cerca de 6,4 milhões de homens e mulheres negras perderam seus empregos
Um estudo lançado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no dia 10 de novembro, aponta o aumento das desigualdades entre negros e brancos no mercado de trabalho do Brasil durante a pandemia. O estudo revela que homens e mulheres negras sentiram mais fortemente os danos do isolamento social e da redução da atividade econômica, se comparado com a população branca.
O estudo ressalta ainda a mobilização do movimento sindical e social pela Medida Provisória 936 e pela aprovação do auxílio emergencial, o que garantiu certa proteção para milhões: “Enquanto isso, outros tantos não conseguiram receber a ajuda ou tiveram o pagamento liberado com bastante atraso. Para esses brasileiros, pobres, afastados dos direitos garantidos em lei pelo emprego protegido, coube escolher entre a fome ou ir para rua buscar trabalho mesmo com a possibilidade de encontrar o vírus”.
Os dados foram obtidos a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e demonstram que a maioria das pessoas que saíram da força de trabalho são negras. Entre o 1º e o 2º trimestre de 2020, cerca de 6,4 milhões de homens e mulheres negras perderam seus empregos ou deixaram de procurar trabalho devido à falta de perspectiva, enquanto as pessoas brancas na mesma situação somam cerca de 2,4 milhões.
Se a comparação for entre o 4º trimestre de 2019 e o 2º trimestre de 2020, a desigualdade é ainda maior: o numero de negros desempregados ou que deixaram de procurar trabalho subiu para 7,4 milhões, enquanto o numero de brancos na mesma situação chegou a 2,7 milhões.
Demitidos e subutilizados
Cerca de oito milhões de pessoas no Brasil perderam seus empregos, entre o 1º e o 2º trimestre de 2020. Destes, mais de 70% são negros, cerca de 6,3 milhões de pessoas. O estudo apontou ainda que, entre o 4º trimestre de 2019 e o 2º de 2020, 8,1 milhões de negros e negras estavam em situação vulnerável no país.
O Dieese considera que a crença de que é impossível conseguir um trabalho em plena pandemia, somada à preocupação com a possibilidade de contaminação e morte, impactam muito no aumento da taxa de desocupação e subutilização da força de trabalho disponível no país: “Para os homens negros, a taxa de desocupação passou de 11,8% para 14,0%, do primeiro para o segundo trimestre de 2020; para os não negros, de 8,5% para 9,5%; e para as mulheres negras, de 17,3% para 18,2%, no mesmo período”.
Além dos considerados sem ocupação ou sem trabalho, aumentou a quantidade de pessoas subutilizadas, ou seja, aquelas que pessoas que trabalham menos do que 40 horas semanais e que, se tivessem uma oportunidade, trabalhariam mais. Ou seja, pessoas que estão demandando mais trabalho.
Segundo o estudo, no 2º trimestre deste ano, cerca de 18% das mulheres negras estão subutilizadas, enquanto 14% dos homens negros se encontram na mesma situação. A taxa de subutilização da mulher não negra permaneceu em 11%, enquanto a de homens não negros foi de 9,5%.
Conclusões do estudo
O estudo conclui que existe desigualdade racial na inserção e ocupação de postos de trabalho no mercado brasileiro, onde negros e negras enfrentam mais dificuldades do que os brancos para conseguir uma colocação, além de terem menores rendimentos e, geralmente, conseguirem inserção em postos de trabalho menos protegidos e mais vulneráveis. Deixa explícito também que esse cenário já existia antes da pandemia, tendo a situação agravada pela disseminação do vírus.
“Homens e mulheres negros, ocupados em situação de informalidade, no trabalho doméstico e sem vínculo legal, foram os que mais sofreram os efeitos da parada da economia brasileira por causa do coronavírus”, aponta o Dieese.
Confira o Boletim Especial “Desigualdade entre negros e brancos se aprofunda durante a pandemia”.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Rebeca Cavalcante e Marcelo Ferreira
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