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Pesquisa encontra lixo em meio à floresta amazônica

Dentre os diversos itens encontrados havia escovas, embalagens de produtos cosméticos, bacias, pedaços de brinquedos, copos e utensílios domésticos.

Uma pesquisa realizada pela
estudante de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Amazonas (UEA),
Zeneide Silva, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), mostrou que não são só os mares que sofrem com a poluição
de resíduos sólidos… a floresta amazônica também.

A estudante coletou resíduos em
cinco áreas chamadas “parcelas”, formadas por 1 hectare cada, localizadas na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, unidade de conservação da
região de várzea. Entre os dias 11 e 13 de novembro, a coleta foi feita em
metade das parcelas – que totalizou 2,5 hectares.

Foi encontrada uma média de 600 g
de resíduos sólidos por hectare para esse tipo de floresta de várzea, o
equivalente a 60% da produção diária de lixo por pessoa no Brasil. De acordo
com Elias Neto, co-orientador do projeto e pesquisador do Grupo de Pesquisa em
Ecologia Florestal do Instituto Mamirauá, este número pode ser considerado
alto. “Apesar de não termos outras pesquisas como parâmetro, encontramos uma
média de 15 itens de resíduos por hectare – o que eu considero muita coisa”,
afirma.

Resíduos de vários países

Os itens encontrados foram
variados, como escovas, embalagens de produtos cosméticos, bacias, pedaços de
brinquedos, copos e utensílios domésticos. Na composição dos resíduos, o
material se dividiu entre 84% de plástico, 8% de borracha e 8% de isopor.

“Alguns produtos já se
encontravam com a embalagem deteriorada, mas, em alguns, conseguimos
identificar o código de barras”, explica Elias. Com essa identificação, os
pesquisadores detectaram, além da garrafa de refrigerante proveniente do Peru,
a origem estadunidense de um selante de silicone.

As hipóteses sobre como os resíduos chegaram até uma área central da floresta amazônica são diversas: o lixo pode ter sido proveniente de descarte inadequado nas cidades próximas, como Tefé, e levado até a floresta pelos rios, ou vindo de barcos que passam pela região.

Os pesquisadores querem ampliar a
área de amostra para entender melhor a dimensão do problema de poluição por
resíduos sólidos na floresta amazônica. Para isso, entretanto, necessitam de
financiamento, já que os custos com logística e análises são altos.

Microplástico no solo

Durante a expedição, também foram
coletadas amostras de solo, que estão em fase de análise pela estudante. O
objetivo é identificar se há a presença de microplásticos no solo da região,
materiais ligados à intoxicação. “Se encontrarmos microplástico nesse solo
coletado, vai ser interessante continuar e fazer mais pesquisas”, afirma a
jovem.

Elias afirma que já foi detectado
esse tipo de material em peixes amazônicos e as consequências da contaminação
na fauna e na flora ainda são pouco conhecidas. Deve-se, de acordo com o
engenheiro florestal, tentar entender se é possível haver algum tipo de impacto
desses materiais na capacidade de regeneração da floresta.

O pesquisador defende que o
estudo, que finaliza em julho deste ano, deve abrir portas para novas pesquisas
sobre a temática na região. “Se a gente encontrar na floresta amazônica, um dos
lugares mais remotos da Terra, quem garante que não pode ser encontrado em
qualquer outro lugar? ”, pergunta.



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