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Pesquisador testa tratamento capaz de acabar com a dor amorosa

Términos de relacionamentos são quase sempre dolorosos. Tanto, que tem até pesquisadores trabalhando para tentar encontrar algo que amenize esse sofrimento. Em Montreal, no Canadá, um cientista anunciou que chegou a um tratamento possível.

A técnica associa terapia com uma droga betabloqueadora, o propranolol. Juntas, elas seriam capazes de editar as memórias ruins surgidas com a separação.

Crédito: Tolgart/istockJunção de droga betabloqueadora e terapia seria capaz de amenizar a dor de amor

De acordo com a BBC, o autor da pesquisa, o canadense Alain Brunet, tem vasta experiência no tratamento de pessoas com estresse pós-traumático, como veteranos de guerras, e acredita que seu conhecimento nessa área possa ser usado para tratar corações partidos. Isso porque, segundo ele, em um término de relacionamento, as pessoas podem sentir reações emocionais semelhantes às observadas em sobreviventes de traumas.

Como funciona o tratamento

O método desenvolvido por Brunet é chamado de “terapia de reconsolidação” e consiste em tomar o propranolol cerca de uma hora antes da sessão de terapia. Na conversa com o profissional, o paciente é orientado a pôr em um papel tudo o que sente e, então, ler o relato em voz alta.

Segundo Brunet, basicamente, o método faz uso do conhecimento recente da neurociência. “Muitas vezes, quando você recorda algo, se há algo novo para aprender, essa memória será desbloqueada e você poderá atualizá-la, e salvá-la novamente”, explicou o psicólogo clínico à BBC.

Crédito: Sohl/istockTratamento não apaga memórias, mas faz com que a recordação não seja mais dolorosa

E qual o papel do remédio?

O betabloqueador é usado há muito tempo para tratar doenças comuns, como hipertensão e enxaqueca, porém, nesse caso de dor emocional, ele tem outra função mais abrangente.

Quando uma pessoa revive uma memória traumática, ela usa dois canais do cérebro: o hipocampo, que guarda elementos concretos da memória, e a amígdala cerebral, que está associada a experiências com carga emocional.

O propranolol vai agir mirando o canal do aspecto emocional da memória, inibindo sua reconsolidação e diminuindo a dor. É aí que uma recordação passa a ser salva pelo cérebro em uma versão menos emotiva e, portanto, menos traumática.

A experiência dos pacientes

A pesquisa mostrou que, assim como no caso do estresse pós-traumático, muitos pacientes que estavam sofrendo por amor sentiram alívio após o início do tratamento. Alguns deles relataram melhora após uma única sessão de terapia de reconsolidação.

Isso era comprovado quando esses pacientes reliam em voz alta o texto escrito por eles e já não se sentiam tão parte daquilo. Era como se tivessem a impressão de estar lendo um romance com a história de outra pessoa.

O especialista ressalva que as memórias ligadas ao relacionamento não desaparecem com o tratamento, apenas param de doer. “Este tratamento se assemelha ao funcionamento normal da memória, como esquecemos gradualmente e viramos a página”, afirma.


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