Não é novidade que o Brasil é o país em que há mais ansiosos do mundo, segundo dados da OMS, todavia, desenvolvemos estratégias para lidar com esse sentimento, como realizar caminhadas ao ar livre, sair com amigos e família, dentre outros recursos. Mas será que, neste quadro atual em que somos obrigados a ficar em nossas casas, e alterarmos completamente nossa rotina, este estado ansioso pode piorar?
A revista científica britânica The Lancet publicou mês passado alguns pontos de estresse comuns durante o confinamento. Vão de tédio e frustração, até medo de se infectar e de infectar os demais, preocupação com a duração de quarentena, sintomas de estresse pós-traumático e comportamentos de esquiva e raiva.
É provável que pessoas que já possuíam questões de saúde mental antes da quarentena estejam atentas a isso e procurem apoio antes e depois do confinamento.
Mitigando as consequências
Ter uma boa compreensão da doença e esclarecer o porquê da importância de ficarmos, por ora, cada um em suas casas é fundamental para a redução da contaminação.
Mantenha as atividades diárias o mais parecido com antes possível, e se tiver dificuldades, não precisa se culpar por não estar sendo tão produtivo quanto gostaria. A quarentena também pode servir para avaliarmos o que estamos sentindo, e não precisamos fazer exercícios e demais atividades todos os dias como aquele digital influencer está fazendo, tudo bem estar improdutivo.
Lembre-se que medo e ansiedade são naturais e esperados em situações de crise como essa.
Desconectar-se de grupos ou de pessoas em redes sociais que o tempo inteiro postam sobre a covid-19 também é indicado para este momento de tensão.
Podemos encontrar algumas formas para diminuir nossa ansiedade neste período de quarentena, cuidando da nossa saúde mental em um momento tão delicado e cheio de dúvidas.
A partir do que você considera importante e faz conectar-se com coisas boas, crie um check-list com estratégias para reduzir o tédio na fase de isolamento.
Alguns itens que podem ajudar a compor seu check-list: faça uma playlist com músicas que te deixem alegre. Aumente a comunicação com pessoas queridas. Lembre-se de que as pessoas estão passando pelo mesmo que você, portanto, compartilhar e escutar pode ser validador e acolhedor.
Sabe aquele projeto que você sempre teve vontade de colocar em prática e que exige dedicação e esforço? Aproveite o momento e separe um tempo do seu dia para pensar, criar e focar neste projeto. Talvez ele possa sair do papel agora. Momentos de crise são ótimos para repensarmos, e muitas vezes, encontramos forças da onde menos imaginávamos.
Veja também boas notícias sobre o novo coronavírus como: mais de 100 mil pessoas já se recuperam da covid-19 no mundo. Empresas oferecem entretenimento gratuito para a população e algumas estão doando suprimentos para os mais necessitados.
Vamos focar no que nós podemos controlar aqui e agora. Pensamentos catastróficos não nos ajudam neste momento, então, para tomarmos perspectiva e sairmos desse emaranhado de sentimentos e pensamentos.
Quando notarmos que estamos ansiosos, podemos trocar a frase:
“Eu sou ansioso”, pela frase “Eu estou tendo um pensamento de que estou ansioso”
Isso nos ajuda a notar que esse é um pensamento dentre milhares que temos ao dia.
O que acha de criar seu próprio check-list do tédio? Essa é uma ótima maneira de cuidarmos da nossa saúde mental!
Texto escrito pelas psicólogas Gabriela Lumi e Karine Santos, do Flows Psicologia.