Ao longo dos últimos anos, diversas discussões e questionamentos tem tomado corpo quando falamos sobre sustentabilidade, processos produtivos, impacto e quais as reais consequências para nossa saúde.
Marcas do mundo todo têm repensado suas escolhas e seus posicionamentos para suprir uma demanda que só tende a aumentar. A de um consumidor cada vez mais impactado por conteúdos relacionados à responsabilidade ambiental e cuidados produtivos, sejam através de suas matérias primas, mão de obra utilizada ou a eliminação de testes realizados em animais de laboratório.
Segundo um estudo realizado pela plataforma Pinterest (que atualmente contém cerca de 250 milhões de acessos por mês), houve um aumento de 265% (entre dezembro de 2017 e 2018) nas pesquisas dos usuários sobre estilo de vida sustentável para iniciantes.
Grande parte desse interesse por sustentabilidade pode estar atribuído à diferentes fatores relacionados à problemas ambientais no mundo todo.
Nunca se falou tanto sobre a quantidade de plásticos que produzimos e descartamos no planeta. Segundo dados da CETESB e da ONU, o plástico representa cerca de 80% do lixo gerado no mar e, se continuar sendo reproduzido nessa mesma frequência, até 2050, deve superar o número de peixes em todos os oceanos.
Visto que esse cenário já atinge e prejudica a saúde da Terra, são constantes os movimentos, ações e iniciativas para tentar reverter esse contexto. Diversas empresas estão à frente de encontrar novas soluções para seus meios produtivos e formas de criar seus produtos e serviços com menor impacto ambiental.
O mercado de cosméticos também começou a integrar agendas que possibilitam a busca por novas tecnologias e a implementação de recursos altamente positivos quando falamos de responsabilidade produtiva.
Recentemente, a empresa Eco Ventures Brasil, criou uma tecnologia que pode inovar o setor de cosmetologia e gerar avanços significativos sobre o uso de embalagens plásticas para esses produtos.
A empresa é subsidiária do conglomerado americano Brasil Eco Ventures Inc, que cria soluções para bioembalagens, possuindo certificações internacionais, análise de degradação detalhada para seus produtos e oferece um atendimento personalizado (onde desenvolve fórmulas especiais de acordo com cada cliente).
Sua tecnologia aplicada é a Go Green P-Life – Uma resina pró-degradante a base de ácido graxo (derivado do óleo do coco da Palmeira), que transforma derivados da nafta (polietileno, polipropileno, PET, poliestireno e outros polímeros) em produtos biodegradáveis.
A Brasil Eco Ventures, também é a primeira que atende em sua totalidade a norma ASTM D6954-4 Certified by SP Technical Research Institute of Sweden, number SC 064610 (Exposição e teste de plásticos que degradam no ambiente por uma combinação de Oxidação e Biodegradação, desde que descartados em ambiente apropriado – Lixões, Aterros ou no meio ambiente, seja na cidade ou no campo.
Para entender mais sobre seus produtos e inovações, conversamos com a Bruna Folster, gerente de vendas e Marketing da empresa.
Como funciona esse processo de biodegradação?
Bruna: Nosso catalizador oxidativo P-Life se trata de um ácido graxo ( ácido esteárico ) retirado do óleo do coco da palma. Também são isolados do óleo do coco da palma os sais minerais MANGANÊS e o MAGNÉSIO que nas formulações químicas, uma vez associando o ácido esteárico a esses sais minerais de origem vegetal teremos o estearato de manganês ( com condições de quebrar as cadeias de carbono do HIDROCARBONETO ) e o estearato de magnésio ( que age como um lubrificante homogeneizando o catalizador na lâmina ). O processo se dá em três etapas sendo a primeira uma DEGRADACÃO ABIÓTICA, sem ação direta de micro organismos aeróbios ( iniciada pela ação das intempéries, principalmente os raios UVA/UVB seguidos da temperatura e o oxigênio e umidade existente no AR, além da luz natural e a temperatura emitidos pela luz solar ). Com a queda do peso molecular do material descartado de forma equivocada no meio ambiente, abaixo de 10.000 mols, como consequência do tempo determinado para cada tipo de olefina chegando abaixo de 5.000 mols sem atingir fase de platô, o produto plástico descartado perde sua resistência a umidade se tornando POROSO e HIGROSCÓPICO, portanto sensível a umidade, as ações dos micro organismos encontrados no sitio do descarte ( cocos, bacilos, micróbios, bactérias e outros germes aeróbicos ) levando o material a uma segunda fase denominada DEGRADAÇÃO BIÓTICA com ação dos micro organismos que assimilam o material de baixo peso molecular através da membrana celular, sintetizando as micro partículas gerando CO2, H2O e HUMOS. A terceira fase á a avaliação de TOXIDADE do solo onde o material de decompôs verificando a presença de metais pesados.
Você pode falar mais sobre esse aditivo e como ele se torna um adubo?
Bruna: Conforme informado na resposta acima, o material sintetizado pelos micro organismos depois de ter seu peso molecular reduzido ( abaixo de 5.000 mols ) vai gerar o CO2 ( gás carbônico ) usado na fotossíntese para gerar o O2 ( oxigênio ) que será isolado da água. O adubo propriamente dito será o material inerte denominado humos gerado e gerado pela decomposição do material descartado.
Esse aditivo é de origem nacional? É de fácil acesso para a indústria?
Bruna: O princípio ativo P-Life SMC 2360 ( em pó ) e o SMC 2522 ( em líquido ) é importado da Ásia, mais especificamente de Taiwan onde os ingredientes retirados do óleo do coco são processados na Uranus Química, única empresa química autorizada pelos japoneses a manipular seus ingredientes. Porém os pellets são produzidos pelo processo de extrudão em duas empresas de máster no Brasil, portanto os grãos marca registrada Go Green P-Life são produzidos no Brasil, sendo suas fórmulas e composição homologadas e chanceladas pela matriz japonesa P-Life com sede em Tóquio, Japão. Portanto com acesso e fornecimento garantido a toda indústria transformadora de POLIOLEFINAS do Brasil e América do Sul.
Você acredita que todos os envolvidos na cadeia de produtos cosméticos podem se unir para melhorar suas práticas de impacto positivo e inovador no quesito sustentabilidade?
Bruna: Sim. Importante informar que os produtos finais aditivados com nosso catalizador oxidativo Go Green P-Life SMC 2360 ou 2522, são 100% recicláveis, portanto cumpre os 5Rs dos produtos plásticos OXI-BIODEGRADÁVEIS, ou seja, inicialmente de maneira pedagógica REPENSANDO as ATITUDES, REDUZINDO o consumo de produtos de uso único ( descartáveis ), REUTILIZANDO as embalagens e finalmente separando para RECICLAGEM e se não coletado por catadores ou oriundos de logística reversa, caso o material vá parar no meio ambiente sua RETIRADA se dará pela BIODEGRADAÇÃO diminuindo assim consideravelmente o volume de materiais plásticos em aterros, lixões e ou a céu aberto.
Você cita sobre o uso desse aditivo. Quais são as normas e fiscalizações aqui no Brasil?
Bruna: Não existe no Brasil uma legislação específica para esse tipo de material, portanto as normativas e certificações internacionais são aceitas. Nosso aditivo entre muitas certificações atende a norma ASTM D 6954-4 – SPCR 141 – Apêndice 4 cujos procedimento são efetuados unicamente pelo laboratório sueco RISE, anteriormente chamado SP ( Sciencia Partiner ) um dos mais renomado laboratório da Escandinávia. Temos a certificação da ABNT ( Associação Brasileira de Normas Técnicas ) denominada Certificado de Conformidade acreditado pelo INMETRO ( Instituto Nacional de Metrologia ) nos dá a licença para usar o Rótulo Ecológico ABNT para ADITIVOS PLÁSTICOS com FUNÇÃO OXIBIODEGRADÁVEL, certificado esse que atende aos requisitos do documento PE-308 desenvolvidos em conformidade com as normas ABNT NBR ISO 14020:2002 e ABNT NBR ISO 14024:2004 sistema de certificação 5.
Você pode falar mais sobre como criar / desenvolver um produto com menor impacto, aqui no Brasil?
Bruna: Muitas tecnologias estão despontando para amenizar os danos feitos ao meio ambiente pelos produtos plásticos de uso único ( descartáveis ), porém poucas tem condições de serem implementadas devido o alto custo, a dificuldade fabril para produção em escala industrial e a dificuldade em reciclar o que inviabiliza projetos importantes. No caso dos HIDROSOLÚVEIS, dos BIODEGRADÁVEIS e dos COMPOSTÁVEIS, todos com processos iniciados pela HIDRÓLISE portanto específicos para serem descartados em unidades industriais ( usinas de compostagem ), ainda no Brasil se torna um problema, pois a falta desse tipo de local de descarte específico que depende de uma logística reversa perfeita, pois esse material por não ser reciclável, se não for separado dos plásticos convencionais e oxi-biodegradáveis contamina o processo como um todo.
Quais são as facilidades e problemas do setor?
Bruna: Como informado acima, embora entendida com uma ação paliativa, pois a definitiva só virá com a conscientização da sociedade como um todo, iniciando pelas crianças na mais tenra idade, portanto no ensino básico, na minha opinião a melhor tecnologia hoje são os produtos plásticos finais para embalagens primárias, secundárias e terciárias produzidas e aditivadas com catalizadores oxidativos OXIBIODEGRADÁVEIS que DEGRADAM, BIODEGRADAM e não causam problemas de contaminação no meio ambiente. No caso dos enzimáticos e dos compostáveis, específicos para serem consumidos por micro organismos ANAERÓBIOS que irão gerar o METANO na sua decomposição, portanto um gás 20 vezes mais agressivo a camada de OZÔNIO que o CO2, toda dificuldade apontada acima só teríamos problemas para o setor.
Para o consumidor que está começando a entender mais sobre a relação de impacto no consumo, o que você acredita ser fundamental no momento da compra?
Bruna: Todos os consumidores, independente de classe social, hoje estão sendo bombardeados pela mídia com informações que denigrem a imagem dos plásticos convencionais. A troca do plástico derivado de fonte fóssil pelos de fonte renovável ainda tem um longo caminho a seguir. Quando avaliamos as possibilidades e dificuldades nos barramos no custo e na impossibilidade de implementação imediata dos alternativas. Creio que hoje e a conscientização por intermédio das empresas fabricantes de produtos biodegradáveis seja fundamental para o conhecimento geral da população.
Como você vê uma relação de fornecimento e educação do consumidor final?
Bruna: Conforme informado acima além da divulgação maciça pelos fabricantes de materiais alternativos, informando as qualidades e as deficiências dos seus produtos, a grande mídia devia abrir espaço para que além das críticas sofridas as opiniões e as explicações técnicas possam estar dirimindo as dúvidas aos consumidores finais e aos fabricantes de embalagens, a fim de que possam decidir sobre as tecnologias.
O Movimento Ecoera acredita que inovações e investimentos como esse, são de extrema importância para as transformações que tanto precisamos para otimizar processos.
Fonte: Eco Ventures Brasil
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