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sintomas e tudo que precisamos saber sobre a doença

Padre Fábio de Melo, Whinderson Nunes, Alok, Paula Fernandes, Adele, Heloísa Périssé e até o comediante Jim Carrey. Todos já sofreram ou ainda estão enfrentando a depressão, uma doença muito mais comum e séria do que a maioria das pessoas imagina.

Recentemente, o humorista Whindersson Nunes, que tem mais de 36 milhões de seguidores no Youtube, revelou, em suas redes sociais, seu desespero e confessou que já não tinha “tanta vontade de viver”.

Padre Fábio de Melo, também conhecido pelo seu bom humor, surpreendeu seus seguidores, em 2017, ao relatar ter passado por maus momentos decorrentes um quadro depressivo. “Fiquei praticamente uma semana trancado em casa, com sensação de morte, tristeza profunda e medo de tudo. Nunca chorei tanto na minha vida”, relatou a seus seguidores na época.

Após um longo tratamento com remédios e acompanhamento psiquiátrico, hoje ele procura controlar o quadro – não só de depressão, como também de síndrome do pânico e – por isso, anunciou recentemente que abandonaria seu perfil no Twitter. “Tomar remédios só faz sentido quando evitamos os gatilhos dos desconfortos. Este lugar deixou de ser saudável pra mim”, escreveu ao encerrar as atividades na conta.

O drama de famosos e anônimos acende a luz para um problema de saúde mental que atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o todo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas como saber quando se trata de depressão ou apenas tristeza?

A depressão é muito mais do que tristeza. Essa última tende a ser passageira, geralmente, despertada por algum evento, como morte ou fim de relacionamento. Já a depressão trata-se de uma doença psiquiátrica de caráter crônico e com crises recorrentes.

Crédito: image_jungle/istockA depressão é uma doença psiquiátrica crônica

De acordo com o médico psiquiatra Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ), observar alguns sintomas podem dar uma pista de quando a tristeza faz parte de um quadro patológico. “Uma tristeza que não se resolve ao longo do tempo, muito desproporcional, sem motivos ou uma tristeza diferente de outras já vivenciadas diante de um problema semelhante são sinais que podem fazer pessoa suspeitar que aquilo não é uma tristeza normal”, explica.

E por mais que pessoas com depressão tenham sintomas parecidos, há níveis diferentes da doença, que vão de leve a grave com sintomas psicóticos. “Em geral, um jeito de medir a gravidade da doença é pela intensidade dos sintomas e pelo grau de incapacitação causada”, afirma Fernandes.

“Na depressão leve, a pessoa tem algum grau de prejuízo, mas vai tocando a vida. Para alguns, os sintomas podem parecer imperceptíveis. Na depressão moderada, os sintomas são evidentes e, na depressão grave, a pessoa tende à incapacidade”, completa o médico.

O que acontece no cérebro de um depressivo

Crédito: reprodução/Mayo ClinicImagens mostram a diferença da atividade cerebral em uma pessoa com depressão e outra sem

A falta de reação típica de muitos quadros depressivos não é frescura, nem preguiça, muito menos estratégia para chamar atenção de familiares e amigos. Acontece que, na depressão, há um desequilíbrio químico no cérebro, que afeta áreas relacionadas ao humor, energia, prazer, sono, apetite, libido, memória, entre outros. E por mais que a pessoa queira reagir, ela não consegue tão facilmente.

Nesse quadro, os hormônios do estresse são tão atuantes sobre a saúde dos neurônios que chegam a provocar uma redução das dimensões do hipocampo, estrutura envolvida na memória e no controle de emoções.

Nem sempre está na cara

Ao contrário do que podemos pensar, no entanto, a depressão não necessariamente está na cara. Nem sempre, ela vem acompanhada de choros constantes ou aparente tristeza.

Alguns quadros mantêm o chamado humor reativo, como explica Fernandes. “Se a pessoa está passando por um momento de maior descontração, ela pode até reagir com sentimentos bons, sorrir sinceramente, mas no instante seguinte volta a ficar triste. Esse tipo de depressão é bem relatado desde o final dos anos 50, hoje conhecido como ‘depressão atípica’”, comenta o psiquiatra do IPQ.

Crédito: id-work/istockNa ‘depressão atípica’ ou ‘depressão sorridente’ pode haver melhoras de humor diante de um estímulo positivo

Isso também pode acontecer porque as pessoas podem mascarar os sintomas por falsas demonstrações de felicidade, conforme explicou Olivia Remes, especialista em ansiedade e depressão da Universidade de Cambridge, em um artigo para o Portal The Conversation.

“De fato, uma proporção significativa de pessoas que experimentam um mau humor e uma perda de prazer nas atividades consegue esconder sua condição dessa maneira. E essas pessoas podem ser particularmente vulneráveis ​​ao suicídio”, comenta.

Ela ainda diz que pode ser muito difícil identificar pessoas que sofrem de depressão atípica, ou ‘depressão sorridente’, termo que tem se popularizado. “Eles podem parecer que não têm motivos para ficarem tristes – eles têm um emprego, um apartamento e talvez até crianças ou um parceiro. Eles sorriem quando você os cumprimenta e pode levar conversas agradáveis. Em suma, eles colocam uma máscara para o mundo exterior enquanto levam uma vida aparentemente normal e ativa”.

Sintomas

A depressão é uma doença multissistêmica, pois afeta vários sistemas e órgãos do corpo. Os sintomas a seguir são os mais comuns e podem ser divididos em três grupos:

Emoções e sentimentos:

  • Tristeza
  • Angústia
  • Ansiedade
  • Baixa auto-estima
  • Insegurança
  • Medo

Cognitivos:

  • Diminuição da concentração
  • Diminuição da memória recente
  • Dificuldades de retenção das informações
  • Pensamento mais lento
  • Ideias pessimistas
  • Visão niilista a respeito de si, do mundo, do futuro e dos relacionamentos

Físicos:

  • Alterações do sono
  • Alterações do apetite
  • Aparecimento de dores pelo corpo
  • Redução da energia
  • Fadiga

Crédito: Elvetica/istockSintomas como ansiedade e distúrbios do sono podem estar presentes

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é clínico, ou seja, é feito a partir da observação de um conjunto de sintomas que ocorrem concomitantemente na área dos sentimentos, emoções, pensamento e no corpo físico. “Não existe nenhum exame clínico (de imagem ou de laboratório) que possa fazer o diagnóstico da doença, nem descartá-la”, explica o médico.

Tratamento

Embora possa ser um distúrbio grave, há tratamento para depressão por meio de psicoterapia, medicamentos antidepressivos ou uma combinação de ambos, dependendo da gravidade.

Metade dos casos, de acordo com Fernandes, não responde de uma maneira satisfatória à primeira medicação, sendo necessário, em algumas vezes, ajustes de doses e remédios. “Ao combinar todas as estratégias disponíveis, em 80% dos casos restaura-se a vida normal da pessoa, deixando-a livre dos sintomas. E nos 20% restantes, consegue-se uma melhora muito grande, diminuindo a incapacitação e os riscos “, afirma Fernandes.

Ainda há outras modalidades de tratamento com grau de evidência de eficácia, como a estimulação magnética, a fototerapia (tratamento de luz) e a eletroconvulsoterapia, em casos mais graves.

A prática de exercícios físicos, sobretudo os aeróbicos, que liberam endorfina (hormônio do prazer), também podem ajudar. “Medidas de melhoria do estilo de vida são importantes, não só na depressão, como em qualquer doença”, destaca o médico.

É importante que ao menor sinal da doença, a pessoa busque ajuda. É possível fazer um acompanhamento com um médico de família gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Os centros de Atenção Psicossocial (CAPS) também atendem todos os casos de depressão, mas são especialmente formulados para os níveis moderados ou graves.

O que você pode fazer se acreditar que está deprimido

O site da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) sugere as seguintes ações:

  • Converse sobre os seus sentimentos com uma pessoa de confiança. A maior parte das pessoas se sente melhor depois de conversar com alguém que se preocupa consigo.
  • Busque ajuda especializada. Um profissional de saúde ou médico local é um bom começo.
  • Lembre-se que, se receber cuidados adequados, você poderá melhorar.
  • Continue a realizar as atividades das quais você gostava quando estava bem.
  • Preserve as suas relações pessoais. Continue em contato com sua família e amigos.
  • Faça exercício regularmente, mesmo que seja apenas uma caminhada curta.
  • Procure comer e dormir regularmente.
  • Aceite o fato de que você talvez tenha depressão e ajuste as suas expectativas. Você talvez não consiga realizar tanto quanto realizava anteriormente.
  • Evite ou limite o consumo de álcool e abstenha-se de drogas ilícitas, pois podem piorar a depressão.
  • Se tiver pensamentos suicidas, contate alguém imediatamente e peça ajuda.

Atenção: o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat.

Crédito: divulgação/Arte Catraca LivreLigue 188 – CVV

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